quinta-feira, 28 de julho de 2011

Le grand ennui


Há algum tempo venho tentando escrever algo para postar aqui, de fato isto tem me chateado bastante, pois não tenho obtido sucesso. Desde o meu acidente apenas postei um texto/mensagem e nada mais. Inventei várias desculpas a meus amigos que me perguntavam o motivo, mas nunca tive coragem de admitir meu fracasso na luta contra certas forças ocultas que imperam sobre meu ser fragilizado pelo tédio. Entreguei-me totalmente a uma rotina de ócio. Aqueles que mais de perto me acompanham têm ouvido de mim apenas o velho mantra entediante de uma pessoa que não pode fazer mais o que estava acostumado e o que deseja. Apesar de ter sofrido apenas uma fratura em minha perna esquerda, tenho vivido os meus dias como se algo muito mais importante tenha se ido ao chão junto do meu corpo naquela sexta-feira.
Não posso falar que só coisas ruins tenham acontecido comigo. Agora que recebi um certo impulso para começar a escrever seria desprezível da minha parte ficar lamentando apenas. Esses dias de clausura foram bastante úteis para mim, na verdade estão servindo como nenhum outro período da minha vida. Começo a acreditar naqueles ditados que falam sobre tirar algum tempo para refletir na vida e tal. De fato neste mês e meio abri meus olhos para várias coisas que andava fazendo errado. Descobri que estava confundindo muito meus colegas com amigos. Fui roubado e não posso falar que não suspeito de alguém acima de qualquer suspeita. Percebi como sinto falta dos meus amigos de verdade por perto e estou tendo uma visão mais clara de como eles estão se afastando de mim, e a culpa pode ser minha.
No meio de toda bagunça que tem acontecido, que não posso falar tudo ou minha pouca moral se esvairá com o vento pela janela aberta mais próxima de quem ler isto, encontrei uma pessoa que me fez reconhecer alguns valores que de fato os conhecia, mas fingia que fossem impossíveis para mim. Mudei-me para esta cidade por dois simples motivos: trabalho e independência. Sei que na verdade eles se completam, mas são nobres demais e por isso devem ser vistos separados. Mas nesta cidade encontrei mais do que isso. Encontrei uma pessoa que muito me tem ajudado. Não vou ficar horas escrevendo coisas que não façam sentido para ninguém a não ser para mim, só devo expressar o quanto me sinto grato por encontrar uma nova definição de amor com ela.
Assim, contudo, devo dizer que nestes entediantes 48 dias desde a queda coisas terríveis tenham me acontecido. Meu corpo tem sido um campo de testes para pragas, pois não tenho apenas a perna quebrada. Um tipo de alergia não identificada anda consumindo parte da minha pele. Também tenho enfrentado resfriados que parecem ter saído de meus pesadelos. Estes são meus companheiros noturnos que estão conseguindo levar a minha saúde mental para o mesmo lado da corporal. Chega de lamentar sobre tudo isso. Não entendo que aceitando estar na merda vou parar de reclamar, só estarei reclamando com menos ódio. Afinal estou entediado demais para isso.
(acabo de entender o porquê dos velhos decrépitos serem tão ranzinzas)

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