- Olá.
- Tudo bem.
- Como está a vida?
- Do mesmo jeito, sempre.
- Ainda está se cuidando como antes?
- Um pouco menos, o tempo está acabando.
- Como assim o tempo está acabando? Você ainda está aqui.
- Por isso mesmo, errei nos primeiros cálculos, não sou muito bom em contas.
- Mas era para você perceber que as coisas não aconteceriam daquele jeito. Era para aceitar.
- Não tenho nada para aceitar. E se tivesse não me importaria. Estou apenas esperando.
- É claro que você deve aceitar, deve se cuidar direito. Não é como uma condução que vem.
- Por que não? Desde que chegamos aqui sabemos que ela vem. E a minha não deve demorar.
- Você faz de tudo para ela vir logo né? Não se cuida, não se liga a nada permanentemente. Por isso que ela se foi. Deveria esquecê-la e procurar outra.
- Pura perda de tempo. Assim como esta conversa. Quem é você para me dizer algo. Nem experimenta isto de verdade.
- Através de você. Você precisa de mim. Por isso existo.
- Não vou prolongar este assunto. Tenho que queimar algumas coisas.
- Que coisas? Aquelas lembranças?
- Também, mas vou queimar um pouco de mim, quem sabe assim os outros que ligam deixem de ligar.
- Nossa! Você pensando nos outros.
- Não posso deixar de pensar neles. Me acompanham.
- Você é um covarde.
- Só não quero que tenham trabalho depois, culpando-se.
- Mas eles realmente não têm culpa de nada. Deixe de besteira.
- Não importa. Para mim todos são culpados. Não vou perder meu tempo com eles. Em breve o que espero chegará e deixarei estas baboseiras de lado.
- Você poderia cuidar-se enquanto está por aqui. Eu estou bem, mas é você quem sente as dores. Não eles.
- Mas já está para acabar.
- Você disse isso aos 16 anos, depois aos 19, aos 21, novamente aos 23, quando você quase (...) e agora.
- Quem sabe desta vez eu esteja certo?
- O que você pode fazer para provar?
- Sei que de fato ela deve vir. Posso chamá-la.
- Então por que não faz logo?
- Você ainda está aqui.
- Por pouco tempo. Estou indo com ela.
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