quarta-feira, 14 de abril de 2010

Fiat justitia et ruat caelum.


A incrível capacidade de raciocinar e articular nossos pensamentos é nossa preponderante diferença de nossos ancestrais chipanzés. Esta capacidade fez com que nossa espécie sobrevivesse a todas as pragas por nos propiciar a possibilidade de testar e memorizar procedimentos de recuperação. Uma vez li que inteligência não é apenas memorização, mas o processo conjunto de memorizar e acessar informações com rapidez e discernimento.


A indubitável credibilidade racional do ser humano o fez aprender, evolutivamente, que a vida poderá ser muito mais segura e furtiva se os indivíduos se organizarem em sociedade, onde cada um é responsável por uma determinada função. Desta forma o membro desta sociedade que não for participativo ou que for inadequado seria posto à margem, ou seja, fora do centro que articularia os pensamentos regentes da sociedade. A esta atitude correspondente a ética foi designado um tipo específico de pensamento, o censo comum.

Com o senso comum cada indivíduo passou a possuir a capacidade de orientar, guiar ou até mesmo julgar atitudes, próprias ou de seus próximos, com o intuito de manter a sociedade. Assim torna-se compreensível a reação pública diante de casos que comovem a nação. Nosso país acaba de passar por uma situação parecida. O povo se uniu para “auxiliar a justiça” a condenar um casal por infanticídio, crime contra os homens e contra Deus. A sociedade justa se mobilizou, apoiou a promotoria, vaiou a própria constituição que promove ao acusado a chance de defesa e mesmo que ninguém tenha visto o fato, afirmou veementemente a culpa do casal. E a justiça foi feita.

Magnífica! Foi a participação popular no caso. O homem tem a capacidade de ser justo. E a mídia foi fundamental. Fez coberturas fantásticas sobre o assunto, apresentou todas as evidências e deixou para nós, espectadores, a palavra final: culpados. Parabéns sociedade! Sinto-me orgulhoso, ainda mais pelo fato de que esse ano é ano de copa, quando o brasileiro sente-se mais brasileiro. Pena que essa euforia nacional não se faz tão presente na hora que o povo vai à urna.

Parece mágica, cadê o juiz dentro de cada um? Será que o brasileiro não tem a capacidade de correr atrás da justiça quando se julga seus “superiores”? Será que a fé na justiça e no Brasil desaparece? O povo deve se lembrar que ano eleitoral está mais para ano de apresentação de currículos. Somos nós que pagamos os seus salários e como tal eles nos devem prestar serviços, ou seja, podemos e devemos julgá-los e demiti-los por cuecas, meias, bolsas, pastas, bolsos, envelopes, contas na suíça e tudo mais que possa está recheado de nosso dinheiro. Cadê a justiça?

Julgamos bem os nossos semelhantes, mas a verdadeira escória fica de lado, não à margem. Eu gostaria que aqui se pregasse a lei islâmica, quanto a crimes, para eles o pior crime é o roubo, pois esse é o pai de todos os outros, e deve ser exemplarmente punido. Mas tudo bem, enquanto nenhum juiz condenar ninguém a perder a mão, vou comprar uma corneta para torcer pela minha seleção.

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